A caixa de entrada continua sendo o ponto de entrada mais explorado pelos cibercriminosos, inclusive em ambiente corporativo, com mais de 90% dos ataques cibernéticos começando por ela.

Segundo um estudo, em 2024 foram analisadas mais de 2 bilhões de transações de phishing bloqueadas, evidenciando que as campanhas se tornaram mais direcionadas e sofisticadas, impulsionadas pelo uso de IA para criar iscas personalizadas e altamente convincentes.

Por que e-mails maliciosos ainda escapam?

Existe um equívoco comum: muitos acreditam que “se chegou à minha caixa de entrada, é porque é confiável”. Mas os filtros tradicionais não reconhecem:

  • Domínios falsos e muito parecidos (ex.: micr0soft.com).
  • Links encurtados e redirecionamentos em cascata, que mascaram a origem;
  • Anexos disfarçados em PDFs ou planilhas com macros.
  • URLs recém-criadas, ainda sem reputação negativa.

O resultado é que mensagens maliciosas escapam do bloqueio básico e colocam nas mãos do usuário a decisão crítica de clicar ou não.

Uma cadeia de ataque estruturada, não apenas um clique

Phishing não é um evento isolado. Trata-se de um processo meticuloso que pode evoluir rapidamente para:

  • Fraudes BEC (Business Email Compromise), alterando contas bancárias e causando perdas financeiras;
  • Sequestro de sessão, onde invasores burlam MFA e assumem contas legítimas;
  • Distribuição de malware e ransomware, paralisando operações e exigindo resgates;
  • Vazamento de dados sensíveis, com impacto direto na reputação corporativa.

Além disso, o phishing permaneceu como o vetor mais comum em violações. O relatório de 2025 da Verizon indica que cerca de 60% das violações confirmadas envolvem erro humano, tipicamente um clique malicioso.

A ascensão dos ataques silenciosos via regras ocultas

Mesmo com camadas avançadas, nenhum sistema é 100% impenetrável. Quando um invasor consegue comprometer uma conta, ele não age de forma barulhenta: se instala de forma silenciosa.

Uma das técnicas mais comuns é a criação de regras ocultas no Outlook, Gmail e outros serviços. Essas regras permitem que o criminoso:

  • Encaminhe cópias de mensagens para caixas externas.
  • Oculte e-mails que contenham termos como segurança, fraude ou alerta.
  • Exclua automaticamente confirmações de login ou notificações de segurança.

Assim, o colaborador segue usando normalmente sua conta, enquanto o atacante monitora conversas, prepara fraudes financeiras e esconde qualquer sinal de alerta.

Por que isso é perigoso?

Esse tipo de manipulação sustenta golpes de Business Email Compromise (BEC), em que criminosos interceptam conversas legítimas e, de forma sutil, alteram dados de pagamento ou enviam instruções falsas.

Muitas vítimas só percebem o ataque depois do prejuízo, porque os sinais de alerta foram filtrados pelas próprias regras impostas pelo invasor.

Como verificar se há regras maliciosas

  • Outlook: Arquivo > Gerenciar Regras e Alertas → revise cada regra e apague qualquer encaminhamento estranho.
  • Outlook Web (Office 365): Configurações > E-mail > Regras.
  • Gmail: Configurações > Ver todas as configurações > Filtros e endereços bloqueados / Encaminhamento e POP/IMAP.

Encontrou algo suspeito?
Remova a regra, troque a senha em um dispositivo confiável, encerre todas as sessões ativas e ative MFA. Se for corporativo, avise imediatamente o time de TI ou Segurança.

    O e-mail corporativo como chave mestra: o efeito dominó​

    No mundo corporativo, um e-mail invadido é como uma chave mestra: ele destranca muito mais do que apenas mensagens. É assim que um simples clique pode gerar um efeito dominó dentro da organização.

    O primeiro acesso: o ponto de entrada

    Com uma única conta comprometida, o invasor já encontra:

    • Contatos de toda a empresa (quem fala com quem).
    • Conversas sensíveis (negociações, contratos, estratégias).
    • Links diretos para sistemas internos.
    • Documentos compartilhados em nuvem.

    Em minutos, ele entende a estrutura da organização e os caminhos para expandir o ataque.

    O segundo passo: pivotando para outros sistemas

    De posse de um e-mail corporativo válido, o atacante pode:

    • Entrar no Teams, Slack ou Google Chat, se houver login integrado.
    • Acessar OneDrive, Google Drive ou SharePoint.
    • Explorar aplicativos SaaS via single sign-on (SSO).

    O efeito dominó em ação

    • Dia 1: lê e-mails e baixa documentos.
    • Dia 2: acessa sistemas de colaboração e identifica projetos sensíveis.
    • Dia 3: cria links de compartilhamento ou adiciona “usuários fantasmas”.
    • Dias seguintes: movimenta-se lateralmente até informações financeiras e de clientes.

    Esse movimento é silencioso: para os sistemas de segurança, parece apenas mais um colaborador em atividade.

    Impactos reais

    • Espionagem corporativa: roubo de contratos e propriedade intelectual.
    • Engenharia social avançada: e-mails internos ainda mais convincentes.
    • Ataques internos falsificados: mensagens enviadas de dentro da empresa.
    • Escalada até ransomware: preparação para sequestro de dados em larga escala.

    Estratégias integradas para defesa real

    Para que um e-mail malicioso não se transforme em um impacto corporativo, é essencial não depender de um único mecanismo ou da percepção individual. A combinação entre tecnologia e conscientização é chave:

    • MFA resistente a phishing.
    • Monitoramento de sessões e regras de caixa.
    • Políticas de menor privilégio em contas.
    • Educação do usuário para reporte, mesmo de e-mails internos.
    • Filtro avançado de e-mail (como FortiMail) — sandboxing de anexos e análise de links em tempo real;
    • Treinamento contínuo de usuários (como FortiPhish) — aprimora a detecção e o reporte de phishing;
    • Resposta rápida em endpoints (FortiEDR) e proteção de rede (FortiGate) — contêm ataques que escapam ao filtro, isolando e neutralizando ameaças.

    Na Danresa, reforçamos a defesa em camadas: desde o bloqueio antes do clique até o monitoramento de movimentações em sistemas integrados, impedindo que uma conta invadida se transforme em ataque corporativo.

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